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De boia fria aos 9 anos à fundadora da Sodiê

A Historia de Cleusa Maria e a Sodiê doces

A história de Cleusa Maria da Silva parece roteiro de filme. Mas é real, brasileira e cheia de lições valiosas sobre persistência, trabalho duro e a força de nunca desistir.

Filha de lavradores do interior do Paraná, Cleusa começou a trabalhar como boia fria aos 9 anos de idade. Cortava cana, trabalhava na roça e ajudava a sustentar nove irmãos enquanto ainda era criança. Ela nunca teve um bolo de aniversário na infância. E hoje, comanda a maior rede de bolos artesanais do Brasil, a Sodiê Doces.

Atualmente, a Sodiê Doces conta com cerca de 400 unidades (entre 390 e 394 lojas) espalhadas por todo o país e duas lojas nos Estados Unidos (ambas em Orlando).

O faturamento da rede ultrapassou a projeção e fechou o ano de 2024 em aproximadamente R$ 740 milhões (um crescimento de 15% em relação a 2023).

Para 2025, a companhia tem planos ambiciosos de expansão, incluindo a entrada no mercado de chocolates, e projeta alcançar a marca de R$ 1 bilhão em faturamento.

Essa história de sucesso começou pequena em 1997, com um investimento inicial de cerca de R$ 6 mil, em um espaço de apenas 20 metros quadrados no interior de São Paulo.

Uma Infância de Luta

Cleusa Maria da Silva nasceu na Zona Rural do Paraná, em uma família de dez irmãos. Desde muito cedo, a vida foi dura. Aos 7 anos, ela já cuidava dos irmãos mais novos. Imagina quatro crianças chorando ao mesmo tempo e você com 7, 8 anos, precisando acalmar todas? Foi assim que começou.

Aos 9, foi trabalhar no campo. Virou boia fria junto com a família, cortando cana e fazendo serviços pesados. Não tinha brinquedo, não tinha festa de aniversário, não tinha descanso.

Quando Cleusa tinha apenas 11 anos, seu pai morreu em um acidente de carro próximo à fazenda onde a família morava. A situação que já era difícil, ficou pior. A mãe e os dez filhos foram expulsos da propriedade e perderam tudo.

Foi aí que Cleusa entendeu que precisava mudar de vida. Não dava mais para esperar. Aos 16 anos, com a ajuda de um tio, ela saiu do interior do Paraná e foi para São Paulo tentar algo diferente.

Recomeçar do Zero em São Paulo

Em São Paulo, Cleusa começou a trabalhar como empregada doméstica. Era o que conseguia. Não tinha estudo formal (só completou até a oitava série em supletivo anos depois), não tinha contatos, não tinha dinheiro.

Mas ela tinha algo que muita gente não tem: vontade de vencer.

Com o apoio de uma das patroas, voltou a estudar e conseguiu terminar o ensino fundamental no supletivo. Foi assim, entre trabalho e estudo, que ela começou a traçar um novo caminho.

Depois de alguns anos, Cleusa se mudou para Salto, no interior de São Paulo, e passou a trabalhar em uma fábrica de alto-falantes durante o dia. Era uma funcionária comum, como todos os outros batia ponto e cumpria horário.

O Primeiro Bolo (Que Ela Nem Sabia Fazer)

A vida de Cleusa começou a mudar por causa de um pedido. A mulher do patrão, Dona Rosa, fazia bolos para vender. Mas teve um problema de saúde e precisou parar.

Dona Rosa pediu ajuda para Cleusa. Só que Cleusa nunca tinha feito um bolo na vida. Nunca. Se ela nem tinha tido um bolo de aniversário quando criança, sua experiência com bolos era menos que zero.

Ela respondeu que não sabia fazer. Mas quando Dona Rosa quebrou a perna e precisou de ajuda urgente para entregar uma encomenda enorme (um bolo de 35 kg), Cleusa não teve como dizer não.

Seguindo as instruções da Dona Rosa, ela conseguiu fazer o bolo. E foi elogiada. As pessoas adoraram.

Dona Rosa então deu uma batedeira para Cleusa e disse que ia mandar os clientes para ela. Foi assim que começou. Um bolo de cada vez. Aprendendo na prática, queimando alguns, acertando outros.

Cleusa começou a fazer bolos à noite, nos horários de folga da fábrica. Levava os bolos a pé para os clientes, caminhando pelas ruas de Salto. Aos poucos, a fama foi crescendo.

A Primeira Loja: Sensações Doces

Em 1997, com o dinheiro de uma rescisão trabalhista (R$ 6 mil) e as economias que tinha juntado, Cleusa abriu sua primeira loja. Eram apenas 20 metros quadrados. Ela mesma fazia os bolos em casa e levava para o ponto de venda.

O nome escolhido foi Sensações Doces. A primeira funcionária só foi contratada depois de um ano. Era ela fazendo tudo: produção, atendimento, entrega e limpeza.

Cleusa também teve uma sacada inteligente: além dos bolos, começou a vender balas de coco. A receita? Aprendeu em um programa de TV. As balas fizeram sucesso. Juntando os bolos com as balas, o negócio ganhou tração.

Quatro anos depois, em 2001, ela conseguiu mudar para um espaço quatro vezes maior, de 80 metros quadrados. O negócio estava crescendo.

O Nome Sodiê e a Quase Falência

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Com irmãos e ex funcionários como sócios, Cleusa começou a abrir outras lojas em cidades próximas como Sorocaba, Itu e Indaiatuba. Tudo ia bem. Até que surgiu um problema gigante.

Quando foi registrar a marca Sensações Doces, o logotipo foi aprovado, mas o nome foi barrado. Por quê? Era de propriedade da Nestlé.

Cleusa teve que trocar o nome da empresa inteira. Foi um momento de crise, muita gente já conhecia a marca como Sensações Doces. Trocar tudo seria um risco enorme.

Foi aí que ela escolheu o nome Sodiê. Uma junção dos nomes dos seus dois filhos: Sofia e Diego. Eles eram (e são) a motivação de Cleusa para não desistir, mesmo nos piores dias.

A troca de nome deu certo. E o Sodiê começou a ganhar ainda mais força.

O Modelo de Franquia

Dez anos depois de abrir a primeira loja, em 2007, um cliente perguntou se a Sodiê não poderia virar franquia. Cleusa nem sabia direito o que era franquia.

Mas foi atrás. Estudou durante cinco anos, fez cursos, pesquisas, conversou com especialistas. E em 2007, abriu a primeira franquia na Vila Guilherme, em São Paulo. Foi justamente o cliente que sugeriu a ideia quem abriu essa primeira unidade.

A partir daí, o crescimento foi acelerado. As franquias começaram a se multiplicar. Cleusa criou um modelo bem estruturado, com treinamento rígido, controle de qualidade e suporte especializado aos franqueados.

Hoje, a Sodiê tem cerca de 400 lojas espalhadas por todo o Brasil e duas em Orlando, nos Estados Unidos. É a maior rede de bolos artesanais do país.

A Fórmula do Sucesso

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O que fez a Sodiê dar tão certo? Cleusa sempre diz que é trabalho. Mas tem mais alguns ingredientes na receita:

Produtos de qualidade: os bolos da Sodiê respeitam a tradição e o paladar brasileiro. Ingredientes de primeira, receitas únicas. Mais de 80 variedades de sabores no cardápio, incluindo linha zero açúcar e bolo vegano.

Preço acessível: a Sodiê popularizou o conceito de bolo de festa de qualidade para o dia a dia. Qualquer pessoa pode comprar. Não é luxo, é gostosura acessível.

Modelo de franquia bem estruturado: treinamento rígido, controle de qualidade, central de distribuição que garante os mesmos ingredientes em todas as lojas. O cliente tem a mesma experiência em qualquer lugar.

Atenção aos detalhes: Cleusa sempre colocou o cliente no centro. Ela ouve, adapta e melhora o que precisa ser melhorado. Quando percebeu a demanda, criou a linha de bolo por quilo e fatias individuais.

Inovação constante: em 2017, lançou a Sodiê Salgados. Recentemente, criou o modelo de unidade container, menor e mais barata, focada em delivery e vendas de fatias.

Os Números Impressionam

Cleusa Maria foi escolhida Empreendedora do Ano no prêmio EOY (Entrepreneur Of The Year)

Vamos aos fatos:

Cerca de 400 lojas espalhadas pelo Brasil
2 lojas nos Estados Unidos (Orlando)
Faturamento de aproximadamente R$ 740 milhões em 2024 (crescimento de 15% em relação a 2023)
Mais de 80 variedades de sabores
Presença em 13 estados brasileiros
Projeção de alcançar R$ 1 bilhão em faturamento em 2025

E tem mais: em 2024, Cleusa Maria foi escolhida Empreendedora do Ano no prêmio EOY (Entrepreneur Of The Year), um dos reconhecimentos mais importantes do mundo empresarial.

Nada mal para quem começou a trabalhar na infância como boia fria e teve poucas oportunidades.

Inclusão e Responsabilidade Social

Cleusa nunca esqueceu de onde veio. Ela sabe o que é passar dificuldade, o que é não ter oportunidade, o que é ser subestimada.

Por isso, parte da equipe da Sodiê é composta por pessoas com deficiência. Sua filha Sofia tem síndrome de Down e é motivo constante de inspiração na vida de Cleusa. Diego, o filho, trabalha ao lado dela na gestão da rede e comanda as fábricas de salgados e chocolates.

A empresa também apoia iniciativas sociais, projetos de formação profissional e ações de combate à fome. Cleusa acredita que ajudar é importante, mas dar ferramentas para as pessoas subirem sozinhas é ainda melhor.

E tem uma conquista que ela considera a maior de todas: ter tirado a mãe do trabalho de boia fria. Hoje, a mãe de Cleusa tem uma casa própria e não precisa mais trabalhar na roça. Foi graças às balas de coco vendidas com os bolos que Cleusa conseguiu dar essa vida nova para a mãe.

Inspiração Para uma Novela

A história de Cleusa Maria inspirou a novela “A Dona do Pedaço”, que foi ao ar na Rede Globo em 2019. A trama mostrava uma mulher que vendia bolos e construía um império a partir da confeitaria.

Cleusa não participou diretamente da produção, mas a semelhança com sua trajetória é clara. E ela fica feliz em saber que sua história pode inspirar outras pessoas a não desistir dos seus sonhos.

O Que Aprender com Cleusa Maria?

A história de Cleusa ensina lições poderosas para quem empreende ou quer empreender:

Cleusa Maria Hoje

Hoje, aos 53 anos, Cleusa Maria é uma das empreendedoras mais respeitadas do Brasil. Já representou o país em Mônaco como empreendedora premiada. Já foi capa de revistas, participou de diversos programas e palestras.

Mas ela continua com os pés no chão. Ainda visita lojas, conversa com franqueados e testa receitas. Ela sabe que o sucesso não é permanente se você parar de trabalhar.

Sua mensagem? “Acredite na educação. Acredite no trabalho. Empreender é transformar sonhos em projetos e projetos em realidade. Não importa de onde você vem, mas sim para onde você está disposto a ir.” — Cleusa Maria

Um Lembrete Poderoso

A história de Cleusa Maria é um lembrete poderoso: ninguém começa grande, mas quem acredita, trabalha duro e age com inteligência pode ir longe.

Ela não teve sorte, teve trabalho. Ela não teve ajuda financeira, teve coragem. Ela não teve formação técnica, teve vontade de aprender.

E construiu um império a partir de bolos feitos com as próprias mãos.

Se você está pensando em desistir do seu sonho, lembre-se da Cleusa. Lembre-se de que ela começou como boia fria e hoje comanda uma rede de centenas de milhões.

Aqui no Empresariando, a gente acredita que histórias como essa provam que é possível. Que o Brasil tem espaço para quem quer trabalhar. Que empreender é difícil, mas vale a pena.

Basta ter coragem para começar e disciplina para não parar no meio do caminho.

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