WEG e seu Começo Simples

Do galpão simples em Jaraguá do Sul à maior fabricante de motores elétricos da América Latina
Três amigos. Um pequeno galpão. Capital inicial equivalente a três Fuscas. Esse era o começo da WEG em 1961. Hoje, a empresa vale mais de R$ 160 bilhões e está presente em mais de 135 países.
A história da WEG não é só sobre negócios. É sobre ousadia, trabalho e a prova de que grandes empresas podem nascer de ideias simples quando há comprometimento de verdade.
Três Visionários e Uma Ideia
Em abril de 1961, três homens muito diferentes decidiram unir forças em Jaraguá do Sul, Santa Catarina. Cada um trazia uma habilidade única para a mesa:
Werner Ricardo Voigt era o técnico em eletrônica apaixonado por eletricidade. Desde jovem, devorava livros e revistas técnicas vindas da Alemanha. Tinha aquela curiosidade de quem não aceita não entender como as coisas funcionam.
Eggon João da Silva era o administrador. Começou a trabalhar aos 13 anos em um cartório e, depois de 14 anos no principal banco do estado, ganhou experiência em gestão. Era o cara dos números e da organização.
Geraldo Werninghaus era o mecânico habilidoso. Conhecia máquinas como ninguém e sabia transformar ideias em produtos reais.
No dia 16 de setembro de 1961, eles fundaram a Eletromotores Jaraguá com um capital social de apenas Cr$ 3.600,00 (o equivalente a três Fuscas na época). O objetivo? Fabricar motores elétricos de qualidade para o mercado brasileiro.
O início foi simples: montavam motores reaproveitando peças antigas e vendiam de porta em porta, carregando os produtos na garupa de uma bicicleta. Mas por trás da simplicidade, havia algo muito maior: uma visão de futuro que logo transformaria a oficina em uma referência no mundo inteiro.
Tempos depois, a empresa passou a se chamar WEG. O nome vem das iniciais dos três fundadores: Werner, Eggon e Geraldo. Simples, direto e memorável.
Os Primeiros Passos

No começo, era tudo muito simples. Máquinas básicas, matéria prima nacional e muito trabalho braçal. Os três sócios literalmente colocavam a mão na massa.
Mas mesmo com recursos limitados, eles tinham um diferencial: obsessão por qualidade. Desde o início, a WEG se preocupou em atender todas as normas técnicas exigidas, mesmo quando isso custava mais caro.
Nos primeiros anos, a fábrica cresceu devagar mas de forma constante. Em 1970, veio o primeiro grande marco: a WEG começou a exportar para países da América Latina como Guatemala, Uruguai, Paraguai, Equador e Bolívia.
Um ano depois, em 1971, a empresa abriu capital na Bolsa de Valores de São Paulo. Isso deu mais fôlego financeiro e permitiu planos maiores.
E em setembro de 1975, apenas 14 anos depois da fundação, saiu da linha de produção o motor número 1 milhão. Um marco histórico.
A Expansão Além dos Motores

Nos anos 1980, a WEG decidiu que não seria apenas uma fabricante de motores. Começou a diversificar.
Entraram no portfólio: componentes eletrônicos, produtos para automação industrial, transformadores de força e distribuição, tintas líquidas e em pó, vernizes eletroisolantes.
A empresa se transformou em fornecedora de sistemas elétricos industriais completos. E isso abriu muitas portas.
Durante os anos 90, a WEG foi para o mundo de verdade:
- 1991: abriu filial nos Estados Unidos
- 1992: adquiriu empresa na Bélgica para atuar na Europa
- 1994: entrou no mercado asiático com subsidiária no Japão
- 1995: expandiu para Alemanha e Austrália
A cada ano, novos países. Novas fábricas. Novos mercados.
Crescimento Sustentável e Inovação

Uma das coisas mais impressionantes sobre a WEG é que ela nunca parou de inovar. Mesmo já sendo gigante, a empresa continuou (e continua) investindo pesado em pesquisa e desenvolvimento.
Em 2007, a WEG comprou a fabricante catarinense de aerogeradores HISA e entrou de vez no mercado de energia eólica. Foi uma aposta no futuro, na sustentabilidade, nas energias renováveis.
Ao longo dos anos 2000 e 2010, a empresa fez dezenas de aquisições estratégicas ao redor do mundo: México, África do Sul, Alemanha, Estados Unidos, China, Índia.
Cada aquisição fortalecia a presença global da WEG e ampliava seu portfólio de produtos.
Hoje, a WEG produz mais de 19 milhões de motores elétricos por ano. É a maior fabricante de motores da América Latina e uma das maiores do mundo.
Os Números Impressionam

Para você ter uma ideia do tamanho da WEG hoje:
✔️ Mais de 47 mil colaboradores espalhados pelo mundo
✔️ Operações industriais em 17 países
✔️ Presença comercial em mais de 135 países
✔️ Faturamento líquido de R$ 38 bilhões em 2024
✔️ 57% das vendas vêm de fora do Brasil
✔️ Avaliada em mais de R$ 160 bilhões na B3
A WEG é hoje a 8ª maior empresa em valor de mercado entre as empresas brasileiras de capital aberto. Nada mal para quem começou vendendo de porta em porta com uma bicicleta.
E tem mais: a empresa é conhecida como “fábrica de bilionários”. São 29 bilionários que têm a WEG como origem de sua fortuna. Isso inclui a bilionária mais jovem do mundo, Dora Voigt de Assis, que herdou ações da empresa.
Nos últimos 15 anos, as ações da WEG se valorizaram quase 3.000%. Entre 2019 e 2020, o papel multiplicou por 4 em apenas dois anos.
A WEG também aposta forte na Indústria 4.0 e na transição energética.
Enquanto muitas empresas ainda ensaiam seus primeiros passos, a WEG já investe em mobilidade elétrica, energia renovável e soluções inteligentes para a indústria.
Com programas governamentais como o Nova Indústria Brasil, que promete investimentos bilionários em inovação e sustentabilidade, a WEG está estrategicamente posicionada para ser líder nas próximas décadas.
Cultura de Longo Prazo

Uma característica marcante da WEG é a cultura de longo prazo. A empresa não troca de CEO a cada três anos como muitas corporações fazem.
Em mais de 60 anos de história, a WEG teve apenas quatro CEOs. Isso cria estabilidade, visão de futuro e um ambiente onde as pessoas realmente crescem dentro da empresa.
Harry Schmelzer Jr., por exemplo, entrou na WEG como estagiário em 1980. Virou CEO em 2008 e ficou no cargo por 16 anos. Depois, foi para o conselho de administração.
Essa continuidade faz toda diferença. Os líderes da WEG não pensam em trimestres. Pensam em décadas.
O Legado dos Fundadores
Infelizmente, os três fundadores já faleceram. Werner Ricardo Voigt morreu em 2016, aos 85 anos. Eggon João da Silva teve uma carreira pública brilhante e faleceu em 1999 em um acidente de trânsito. Geraldo Werninghaus também já se foi.
Mas o legado deles está vivo. A cultura que criaram, os valores que defenderam e a essência empreendedora que trouxeram continuam presentes em cada decisão da empresa.
Eles provaram que honestidade, trabalho duro e obsessão por qualidade são valores que nunca saem de moda.
Quem Comanda a WEG Hoje?
Desde abril de 2024, o CEO da WEG é Alberto Yoshikazu Kuba, de 44 anos. Ele é o quarto CEO da história da empresa.
Kuba está na WEG há mais de 21 anos. É engenheiro eletricista com especialização em gestão empresarial. Começou na área de vendas de motores industriais no Brasil e passou 10 anos na China, onde comandou as operações da companhia.
Em 2020, voltou ao Brasil para assumir a diretoria da divisão de Motores Elétricos Industriais. E em 2024, foi escolhido para liderar toda a empresa.
Kuba participou da maior aquisição da história da WEG: a compra dos negócios de motores elétricos industriais e geradores da americana Regal Rexnord por US$ 400 milhões.
Em entrevista recente, ele deixou claro qual é sua visão: manter o crescimento sem disrupção, mas sempre atento às megatendências da economia, como a transição energética e a mobilidade elétrica.
O Que Aprender com a WEG?

A história da WEG ensina várias lições valiosas para empreendedores:
1. Comece simples, mas com qualidade
Você não precisa de muito dinheiro para começar. Mas precisa entregar qualidade desde o primeiro dia.
2. Pense grande, mesmo começando pequeno
Os três fundadores não queriam só uma oficina local. Eles queriam construir algo maior. E construíram.
3. Diversifique com inteligência
A WEG não ficou presa só aos motores. Foi expandindo para áreas relacionadas, sempre com estratégia.
4. Invista em pessoas
A empresa forma seus líderes dentro de casa. Isso cria lealdade, cultura forte e visão de longo prazo.
5. Olhe para o futuro
Mesmo sendo gigante, a WEG continua investindo em inovação, energias renováveis e novas tecnologias.
6. Mantenha os valores
Crescer é importante, mas não a qualquer custo. Os valores dos fundadores ainda guiam a empresa décadas depois.
WEG: Orgulho Nacional 🇧🇷
A WEG é um dos maiores cases de sucesso do empreendedorismo brasileiro. Prova que é possível construir uma empresa global competindo com os maiores players do mundo.
Hoje, a empresa exporta tecnologia de ponta para mais de 135 países. Gera milhares de empregos. Investe em sustentabilidade. E continua crescendo.
Tudo isso começou com três amigos, um galpão e muita vontade de fazer acontecer.
Se você está pensando em empreender ou já tem seu negócio, lembre-se da história da WEG. Grandes empresas não nascem prontas. Elas são construídas dia após dia, com trabalho, visão e persistência.
Aqui no Empresariando, a gente acredita que histórias como essa inspiram e mostram que é possível, sim, construir algo grande no Brasil. Basta ter coragem para começar e disciplina para não desistir no meio do caminho.
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